Depoimento - A Escolha é Sua - é possível vencer a droga



Fiquei limpo em agosto de 1987, e a vaidade se manifestou bastante no primeiro ano. Acreditava que, se algum dia eu usasse de novo, seria em função de um acontecimento bem traumático. Infelizmente, passei pelo meu primeiro trauma no meu segundo ano de recuperação. Encontrei meu filho na garagem trancado dentro do meu carro, com o motor ligado. Primeiro, tive que arrombar a garagem, depois o carro, para tirá-lo dali. Fiquei tão perturbado que nem soube como agir. Liguei para um companheiro para saber o que deveria fazer em seguida. Disse-me para chamar uma ambulância e levar o menino para o hospital. Disse também que iria se encontrar comigo. Ficou ao meu lado o dia todo, enquanto os médicos e enfermeiras cuidavam do meu filho. Para minha tristeza, o menino repetiu aquilo de novo após seis meses, e mais duas vezes nos dois anos seguintes. No meu sétimo ano de recuperação, minha esposa voltou do médico dizendo que fora encontrada uma grande massa em seu pulmão direito. Fez uma biópsia. Era câncer. Foi submetida a uma cirurgia radical em seu pulmão direito e sofreu por mais seis anos, passando por diversos tratamentos de radiação e quimioterapia. Nesse ínterim, minha mãe também teve diagnóstico de câncer. Minha esposa faleceu em março de 2001, e minha mãe, em agosto de 2002. Em novembro do mesmo ano, perdi o emprego, pela primeira vez na vida. Entrei em depressão profunda, e fiquei sem condições de fazer nada durante algumas semanas. Nesse período, as pessoas da irmandade montaram vigília na minha casa, para ver se eu comia e tomava banho. Levavam-me às reuniões, principalmente quando eu não queria ir; isso não as detinha. Apareciam na minha porta, dizendo: “Vista-se, estamos indo para a reunião”. Sinceramente, não sei o que seria de mim sem esses amigos e sem o programa. Deus me deu a bênção de permanecer limpo durante todos esses acontecimentos. Conquistei um novo emprego em fevereiro de 2003, o qual adorei. Pessoas maravilhosas, e o melhor chefe que provavelmente terei. Adorava o emprego. Em novembro de 2004, meu pai faleceu, e em dezembro perdi esse emprego do qual tanto gostava. Estou partilhando isso tudo com vocês porque, em todas essas experiências de vida, utilizei os princípios do programa. Fui às reuniões e chorei até a última lágrima, pedi ajuda, rezei para meu Poder Superior e, acima de tudo, não fui à primeira dose. Não foi fácil. Minha doença me dizia e, às vezes gritava, para eu usar: “Só um pancadão, só um baseado, você merece – olha só o que você está atravessando”. Sempre que ouvia essa voz, olhava mais fundo para dentro e dizia para minha doença parar. Gente, esses últimos quatro anos foram uma longa estrada. Quando respondi que estava disposto a percorrer qualquer distância para ficar limpo, não imaginava o significado que essa decisão iria adquirir, passando por tudo o que passei. Aprendi que a vida acontece, e agradeço ao meu Poder Superior por me ajudar a construir uma base sólida durante o primeiro ano, porque não fazia idéia do quanto ela seria necessária mais tarde, na minha recuperação. Seja você um recém-chegado ou um veterano, acredite, do fundo do coração, que não importa o que a vida coloque na sua frente – você nunca mais precisará usar novamente!

William K, Flórida, EUA

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