Falando sobre preconceito

Para quem nunca passou pela situação de ter um adicto na ativa ao lado, é bem cômodo julgar; mas para quem vivencia o pesadelo das drogas em seu seio familiar, a história é bem outra.                                                                     
Muita gente julga quem passa por este drama, até o momento que se veem passando pelas mesmas questões. Estas pessoas se horrorizam com o uso de drogas, porque pensam que, quando este problema acontece na vida dos outros foi por que o adicto não teve uma boa educação,mas quando acontece na vida deles, começam a repensar suas próprias histórias e a rever as suas ideias préconcebidas.

O preconceito nos impede de falarmos abertamente da questão do uso de drogas. E, talvez, este seja um dos motivos que contribuem para a ampliação do problema.
Existem pessoas que,simplesmente, não toleram este assunto, e demonstram zero de interesse, até passarem por esta dificuldade. Eu respeito e aceito quem não se mostra. Por que cada um tem o seu motivo particular para agir assim. Mas,o fato, é que, é muito triste que isto ainda aconteça, em pleno século XXI, com as drogas em acelerado processo de evolução. Em minha opinião, saber nunca é demais, porque nunca se sabe quando iremos precisar usar estas informações, e o tempo que se leva em busca de ajuda para a doença da adicção, pode ser comparado ao tempo de levamos para socorrer alguém que esteja tendo um enfarto. Simplesmente poderemos constatar que chegamos tarde demais, e...
Queridos,vamos deixar para trás as ideias pré-concebidas e abrir as nossas mentes,deixando a ignorância de lado, para anos cercarmos de tudo que pudermos aprender como mecanismo de defesas e usarmos como ferramentas contra esta doença que já mata mais do que a guerra,dizimando pessoas importantes para nós da face da terra.
                                                                             Livro Inimigo Oculto de Dárlea Zacarias

Amigos,eu concordo plenamente com ela,sei que existe o anonimato, mas precisamos falar sobre para que as pessoas entendam e que termine o preconceito.
Eu por exemplo, logo que soube do uso do meu filho ouvi de uma pessoa "não comenta, sabe como são as pessoas"e eu como ainda estava meio perdida fiquei quieta, fiquei incomodada pois eu nunca fui de esconder a minha vida, mas fiquei quieta na época. Hoje eu vejo que não deveria, que na verdade eu devia ter dito algumas coisas para esta pessoa e se a minha história,a minha vida tem que ser escondida então eu não posso estar inserida naquele meio e tão pouco com a pessoa. Pode ser que  ela tenha falado realmente buscando me preservar, hoje eu vejo que era mais que isso, mas tudo bem, é fato do passado mas que penso que não se deve repetir.
Aprendi e aprendo muito com as histórias que leio de adictos e familiares por inúmeros blogs e livros e se isso não existisse como ficaria? Se com tanta informação que temos ainda existe um preconceito enorme imagina se continuássemos escondidas. Não sou melhor do que ninguém e como sempre falo por aqui a minha história é nada perto de tantas que conheço,mas eu sei a importância deste blog para muitas pessoas.(e este é o grande objetivo dele).
Viver o preconceito não é nada fácil, ele caminha lado a lado com a gente. Eu não saiu com uma plaquinha escrita "oi sou mãe de um dependente químico",não chego nos locais e digo "sou mãe de dependente químico",mas conforme as pessoas vão convivendo comigo elas
vão sabendo e aí chega a ser engraçado, pois elas mudam a postura e segundo elas o conceito. Mal sabem que sinto quando estão usando máscaras, sem contar que muitas vezes(e isso me doi muito) que dentro do meu seguimento religioso eu sinto que me olham diferente. Mas o bom de tudo isso,que apesar de ser estarrecedor eu tiro de letra, porque no fundo eu sei que essas pessoas gostam de viver de aparências e não buscam se importar de verdade com seu próximo. 
Essa semana mesmo ouvi dizendo "bandido tem que ser morto mesmo, é marginal tem que matar mesmo". Em tempo, não estou defendendo a criminalidade!
Isso é estarrecedor pois nós não sabemos o dia de amanhã,não sabemos o que podemos fazer daqui a algumas horas e muito menos quem nossos filhos irão se tornar.
Outro preconceito que sofremos é que sempre falam que problema é a família, que o "drogado" não teve educação,a mãe não educou direito, a mãe não deu limites, é filho de pais separados, é podre e por aí vai. Pode ter ocorrido uma falha na educação sim, mas não quer dizer que isso seja regra geral. Existem as tendências que já trazemos, a nossa bagagem e que muitas das vezes fala mais alto. 

É muito chato tu passar por estes momentos,algumas vezes eu fico muito P da vida, vontade de botar o dedo na cara das pessoas e dizer muitas coisas mas sei que este não é caminho, então me controlo e me afasto das pessoas que tem estes pre julgamentos.
O que precisa ficar bem claro é que TODOS nós temos os nossos vazios existenciais e cada um tem um tipo de fuga.
E mesmo sabendo que não é fácil,eu vou seguir contando a minha história, sem vergonha nenhuma porque esta sou eu,não vou mascarar uma vida que eu não vivo.
Vou lutar bastante contra o preconceito pois sei o quanto ele dói e não quero que as pessoas fiquem sentindo isso a todo momento até porque já temos as nossas dores que não são nada fáceis.
Sigamos queridos amigos, de mãos dadas, firme e forte na nossa caminhada!

Forte abraço e beijo enorme a todos




                                                                                                          

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