FILHO, VOCÊ ESTÁ USANDO DROGAS?


Muitos pais, por não possuírem conhecimento sobre a problemática das drogas, acreditam, erroneamente, que tão logo um filho entre em contato com estas substâncias, isto se tornará visível para eles, mas na realidade não é assim que acontece.
Em geral, um pai ou uma mãe só consegue perceber que o filho está fazendo uso de substâncias entorpecentes depois de aproximadamente dois a três anos de uso, ou seja, quando ele já está mergulhado na dependência.
Quando surge alguma desconfiança, costumam questionar os filhos, entretanto o medo da resposta é tão grande que eles fazem a pergunta quase que respondendo para o jovem: "Você não está usando drogas não, né"? É óbvio que a resposta será “não”. Isso satisfaz plenamente os pais, pois é exatamente aquilo que eles desejam ouvir.
Uma das características do dependente é a sua capacidade de mentir e manipular e num processo de uso, o seu objetivo é esconder a verdade, fazer com que os pais não saibam, pois sabem que ao tomarem conhecimento da realidade, obviamente começarão a pegar no pé, a colocar obstáculos e a não aceitar tal situação.
Quando surgem os primeiros sinais de uso, os pais são afetados pela negação, que os deixam "cegos". Negam o óbvio e continuam acreditando nos filhos, desenvolvendo, inconscientemente, um mecanismo de defesa contra as dores e os sofrimentos que a descoberta podem causar-lhes.
Quando alertados por colegas, parentes ou vizinhos, eles preferem se chatear com os alertas, virar a cara com quem está tentando abrir-lhes os olhos e continuam acreditando no filho. Quando o garoto chega diferente em casa, preferem acreditar que só exagerou um pouquinho na bebida, como se isso fosse pouco. Mesmo quando encontram droga escondida no quarto do menino, aceitam com facilidade o argumento de que ela não é dele e sim de um amigo que pediu para que ele a guardasse.
Muitos desconhecem que o desenvolvimento da dependência acontece de forma progressiva. Inicia-se na experimentação, passando para uso esporádico, evoluindo para uso frequente e, consequentemente o desencadeamento da dependência. No primeiro momento, os filhos conseguem disfarçar com facilidade. Eles não retornam para casa aos pedaços, muito menos doidões. Isso só começa acontecer quando atingem níveis de uso severo.
Iniciado o uso, buscam o prazer proporcionado pelo consumo e precisam obter sempre mais para conseguir o mesmo efeito, de tal forma que o problema se agrava. Com o passar dos tempos, não conseguem mais esconder o problema e começam evidenciar os sinais do uso. Objetos desaparecem da casa, eles somem por horas ou até dias, dormem o dia todo, pois estão acabados pela noitada. Nunca são encontrados nos locais onde dizem que frequentam. É nesse momento que vem à tona a triste realidade que a família não queria e nem desejava conhecer, porém torna-se tão visível que não dá mais para negar.
Esperar que os filhos apresentem sinais visíveis do uso de drogas para começar a agir pode levar tempo demais, portanto as ações precisam acontecer muito antes deles externizarem os sinais do consumo.
Ninguém está a salvo do problema e acreditar que em nossa casa não vai acontecer, em nada ajuda. Achar que estamos isentos do problema não é suficiente para evitá-lo, pelo contrário, somente faz com que não adotamos nenhuma medida de prevenção, deixando os filhos a mercê da própria sorte. Precisamos nos conscientizar que vivemos uma geração onde todas as crianças e jovens de nosso tempo, em algum momento de sua vida, terão acesso ao álcool e outras drogas, independente de condição financeira, nível intelectual, classe social ou crença e isso não é diferente em nossa casa, com nossos filhos.
As ações de prevenção precisam acontecer desde o mais cedo possível. Necessitamos desenvolver a capacidade de observar com atenção nossos filhos, procurando conhecê-los o máximo possível, pois é prestando atenção que notaremos as primeiras mudanças em suas condutas, o que possibilita corrigir todo e qualquer comportamento inadequado que eles apresentem. Corrigindo os pequenos desvios de comportamento, estamos prevenindo para que não cheguem aos grandes desvios que podem levá-los até às drogas.
Também é importante observar a situação com que o jovem retorna para casa. Não ser tolerante em relação ao consumo do álcool, que também é droga, causa dependência e pode servir de porta de entrada para outras. Observar seu rendimento escolar, conhecer os seus amigos, seus gostos, seus estilos. Procurar sempre o contato olho no olho, pois o dependente possui, como característica, não encarar as pessoas de frente. Eles desviam o olhar, não gostam de falar sobre o assunto e se isolam com frequência.
Aceitar a realidade pode ser muito duro e difícil para os pais, pois a descoberta desencadeia sofrimentos profundos, porém é o primeiro passo na busca da solução para o problema. Mais do que acreditar em palavras, precisamos observar comportamentos e atitudes e na dúvida devemos procurar por ajuda, auxílio e orientação e os grupos de Amor-Exigente espalhados pelo país estão de portas abertas para acolher quem procura.
Texto de Celso Garrefa
Programa Amor-Exigente de Sertãozinho SP

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