Dias de Luta, Mudanças, Crescimento, Dores e Alegrias Parte 02 - Mix de Sentimentos


Continuação os post sobre a recaída do meu especial , hoje vou falar de mim, como fiquei, como estou...

Desde que comecei a estudar e conviver com adictos, eu sempre pensei que deveria de uma forma ou de outra me preparar para uma recaída ( e ainda penso assim) pois a recaída faz parte da doença. Dentro deste pensamento fui buscando entender e me fortalecer e por diversas vezes pensei em como agir, o que fazer, como encaminhar ele para iniciar tudo de novo...
Depois de 01 anos 8 meses limpo a recaída aconteceu e não aconteceu como eu esperava pois ele não foi sincero no início.
Após a minha desconfiança e conversa(muita conversa comigo e com os amigos e irmão de caminhada dele, que hoje digo que são minha família e que me ajudaram e ajudam muito) ficou decidido então fazer exame e lá se passaram dias de muitos e muitos pensamentos, medos(medos sim! afinal somos homens de pouca fé e não sabemos o que irá acontecer), cuidados, observei muito ele e suas atitudes e para mim o exame era só pra mostrar para ele que eu sabia e que ele não me manipulava.
Ainda bem que estávamos num local onde é tranquilo, pois em meio a tudo isso, pude parar para pensar e pensar muito e me fortalecer para a batalha, pois por mais que saibamos que a recaída faz parte não queremos isso, não gostamos disso e temos medo muito medo, na minha cabeça passou  um filme, vivi tudo o que eu já tinha vivido a anos atras.Não queria ver meu filho jogado na rua, pois isso nunca aconteceu...
O dia D chegou e não foi nada legal, pois ele estava enganando a si mesmo, pois ele disse que iria levantar sozinho e isso todos nós que vivemos nesse mundo sabemos que não existe.
Aí começamos uma batalha, virar as costas como muitos falam que é o que devemos fazer eu não faria, então tivemos dias de aflição, porque eu pensei num primeiro momento que não seria necessário uma nova internação em comunidade, mas ele foi perdendo o controle e usando diariamente, inclusive com  agente em casa e vivendo como tudo estivesse normal, conversando normalmente com todos.
Confesso que o mais difícil para mim foi manter este "sangue frio" mais por inúmeros motivos (especialmente a minha fé, a minha crença, aguentei firme)
Decidi então ter uma última e definitiva conversa, vi que não teria como ele começar de novo sem uma nova internação, até porque onde ele reside não tem Narcóticos Anônimos, somente Amor Exigente
Expliquei sobre internação compulsória e o mesmo ficou irredutível em voltar para uma Comunidade. Decidi então voltar para minha cidade, minha casa, descansar uns dias e iniciar com o processo para uma internação compulsória.
Claro que voltei com o coração na mão, pois tinha muito medo que algo pior acontecesse com ele, pois sabemos que a recaída não é nada fácil e ele sozinho podia se afundar usando sua droga de preferencia.Me lembrei do inicio da internação dele, que muito eu chorei quando deixei ele na Comunidade e a primeira visita que eu fiz, chorei, chorei muito no ônibus, chorei por medo, por insegurança, por falta de fé e mesmo sabendo q a recaída faz parte não queria isso.
No domingo, 04/01 resolvi pela última vez tentar fazer ele aceitar a ajuda pelo amor, fiquei mais de 2 horas com ele no telefone  ele irredutível, até q então a irmã e dois amigos/irmão de caminhada depois de muitas e muitas conversas conseguiram fazer com que ele aceitasse ajuda.
Hoje, 30/01 fazem 05 dias que ele esta limpo e reiniciando um novo tratamento na Comunidade Terapêutica Senhor Jesus, acredito que não deva estar sendo nada fácil pra ele, mas está lá buscando um recomeçar...
E eu?? Eu hoje olho para trás e só tenho uma única certeza, sem estudo, sem Amor Exigente, sem meus amigos, sem minha filha e a minha fé eu acho que não conseguiria.
Estou bem, firme no meu proposito e na minha recuperação como codependente, decidi não visita-lo ainda.Uma coisa é certa não tive culpa nenhuma, porque sei que fiz tudo que podia fazer para ajuda-lo.
O lado bom de tudo isso para mim, foi o fortalecimento da minha e o amadurecimento da minha filha, pois ela foi muito firme quando teve que ser e ela é bem (muito) coração "mole".
Quero agradecer novamente a todos que estiverem do meu lado, inclusive os que estavam longe mais tão perto dentro do meu coração.

E ainda teremos a parte 03 desta história....

Se quiserem conversar, dúvidas, trocar ideias, trocar material sobre dependência e codependência, etc, entre em contato: neusabbrotto@Gmail.com

Beijo no coração de todos!
E inúmeras 24 horas para todos nós!



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